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CID M23 - Transtornos Internos dos Joelhos: Aposenta?

Descubra quando o CID M23 pode gerar direito à aposentadoria por invalidez do INSS. Entenda lesões de menisco, rupturas ligamentares e outros transtornos que podem incapacitar permanentemente.

CID M23 - Transtornos Internos dos Joelhos: Aposenta?

CID M23 - Transtornos Internos dos Joelhos: Aposenta?

Os transtornos internos dos joelhos representam uma das principais causas de limitação funcional e incapacidade laboral, especialmente em profissões que demandam esforço físico intenso ou longos períodos em pé. O CID M23 refere-se aos "Transtornos internos dos joelhos", uma categoria que engloba desde lesões meniscais simples até rupturas ligamentares complexas que podem resultar em incapacidade permanente. Como advogada especializada em direito previdenciário, tenho acompanhado casos onde esses transtornos evoluíram para limitações funcionais severas, impossibilitando o retorno ao trabalho e justificando a concessão de aposentadoria por invalidez do INSS. Neste artigo detalhado, vou explicar quando o CID M23 pode gerar direito à aposentadoria, quais são os critérios necessários e as estratégias mais eficazes para garantir seus direitos previdenciários.

O que é o CID M23?

O CID M23 na Classificação Internacional de Doenças (CID-10) refere-se aos "Transtornos internos dos joelhos", uma categoria abrangente que inclui diversas patologias que afetam as estruturas internas desta complexa articulação. O joelho é a maior articulação do corpo humano e uma das mais suscetíveis a lesões devido à sua anatomia complexa e às demandas funcionais que suporta diariamente.

Esta classificação engloba lesões e patologias dos meniscos, ligamentos cruzados (anterior e posterior), ligamentos colaterais (medial e lateral), cartilagens articulares, cápsula articular e outras estruturas intra-articulares. Essas estruturas trabalham em conjunto para proporcionar estabilidade, absorção de impacto e movimento coordenado do joelho.

O CID M23 é particularmente relevante no contexto previdenciário porque as lesões internas do joelho frequentemente resultam em limitações funcionais significativas, especialmente para atividades que envolvem deambulação prolongada, subir escadas, agachamento, corrida ou atividades esportivas. Quando essas limitações se tornam permanentes e impedem qualquer atividade laboral, podem justificar a concessão de benefícios previdenciários.

Principais Subcategorias do CID M23

O CID M23 inclui várias subcategorias específicas que representam diferentes tipos de transtornos internos dos joelhos:

M23.0 - Menisco cístico: Refere-se à formação de cistos no menisco, estruturas que podem causar dor, limitação de movimento e sensação de bloqueio articular, especialmente quando há ruptura associada.

M23.1 - Menisco discoide: Anomalia congênita onde o menisco apresenta formato anormal (discoide em vez de semilunar), predispondo a rupturas precoces e degeneração articular prematura.

M23.2 - Transtorno do menisco devido à ruptura ou lesão antiga: Inclui sequelas de rupturas meniscais prévias que resultaram em alterações estruturais permanentes, instabilidade articular ou limitação funcional crônica.

M23.3 - Outros transtornos do menisco: Categoria que engloba outras patologias meniscais não especificadas nas subcategorias anteriores, incluindo degenerações complexas e alterações estruturais múltiplas.

M23.4 - Corpo livre em joelho: Presença de fragmentos cartilaginosos ou ósseos livres na articulação do joelho, que podem causar bloqueios articulares súbitos, dor intensa e limitação de movimento.

M23.5 - Instabilidade crônica do joelho: Condição caracterizada por instabilidade persistente da articulação, frequentemente resultante de lesões ligamentares múltiplas ou inadequadamente tratadas.

M23.6 - Outras espondiloartropatias: Embora menos comum nesta categoria, refere-se a alterações inflamatórias específicas que podem afetar o joelho.

M23.8 - Outros transtornos internos especificados do joelho: Inclui outras patologias internas específicas não classificadas nas subcategorias anteriores.

M23.9 - Transtorno interno do joelho, não especificado: Utilizado quando há evidência de patologia interna do joelho, mas a especificação exata não é possível ou disponível.

Quando o CID M23 Pode Gerar Aposentadoria?

A aposentadoria por invalidez com CID M23 não é automática e depende de critérios específicos rigorosos:

Incapacidade total e permanente: O transtorno interno do joelho deve impossibilitar completamente a realização de qualquer atividade laboral, incluindo trabalhos sedentários que possam ser afetados pelas limitações de mobilidade.

Bilateralidade ou severidade unilateral extrema: Frequentemente, casos que evoluem para aposentadoria envolvem acometimento bilateral dos joelhos ou lesão unilateral tão severa que compromete completamente a capacidade de deambulação.

Irreversibilidade da condição: Deve haver comprovação médica especializada de que a condição é irreversível e que não há perspectiva realista de melhoria funcional significativa com os tratamentos disponíveis, incluindo cirurgias reconstrutivas.

Falência de tratamentos: Demonstração clara de que foram tentados todos os tratamentos disponíveis, incluindo fisioterapia, medicamentos, infiltrações, artroscopias e cirurgias reconstrutivas, sem sucesso na recuperação funcional adequada.

Limitações funcionais múltiplas: Comprometimento simultâneo de várias funções essenciais como capacidade de deambulação, permanência em pé, agachamento, subir escadas e outras atividades básicas necessárias para qualquer trabalho.

Instabilidade articular severa: Quando há instabilidade tão pronunciada que impede atividades básicas de locomoção, mesmo com uso de órteses ou outros dispositivos auxiliares.

Dor crônica intratável: Síndrome dolorosa crônica que não responde adequadamente aos tratamentos disponíveis e impede qualquer atividade produtiva sustentada.

Sintomas Incapacitantes para o Trabalho

Os transtornos internos dos joelhos do CID M23 podem apresentar sintomas que tornam impossível a manutenção de atividades laborais:

Dor crônica severa: Dor constante de intensidade significativa que se exacerba com atividades de sustentação de peso, deambulação ou mudanças de posição, impedindo a manutenção de qualquer rotina laboral.

Instabilidade articular: Sensação de "falseio" ou "joelho que escapa" que gera insegurança para atividades de deambulação, subir escadas ou permanecer em pé por períodos prolongados.

Bloqueios articulares: Episódios súbitos onde o joelho "trava" em determinada posição, impedindo a extensão ou flexão completa, frequentemente associados a corpos livres ou rupturas meniscais complexas.

Limitação severa de amplitude de movimento: Rigidez articular que impede a flexão ou extensão adequada do joelho, comprometendo atividades básicas como sentar, levantar, subir escadas ou agachar.

Edema articular recorrente: Inchaço persistente ou recorrente que causa dor, limitação de movimento e sensação de tensão articular que interfere nas atividades diárias.

Atrofia muscular secundária: Perda de massa muscular, especialmente do quadríceps, resultante da limitação funcional prolongada, que perpetua e agrava a incapacidade.

Claudicação: Alteração do padrão de marcha devido à dor, instabilidade ou limitação de movimento, que pode causar sobrecarga compensatória em outras articulações.

Incapacidade para atividades específicas: Impossibilidade de realizar atividades essenciais como agachar, ajoelhar, subir escadas, carregar peso ou permanecer em pé por períodos mínimos necessários para qualquer trabalho.

Diferenciação entre Auxílio-Doença e Aposentadoria

É fundamental entender as diferenças entre os benefícios disponíveis:

Auxílio-doença (B31): Concedido quando há incapacidade temporária para o trabalho. É o benefício mais comum para casos de CID M23, especialmente quando há perspectiva de melhoria com tratamento conservador, fisioterapia ou cirurgia reparadora.

Aposentadoria por invalidez (B32): Reservada para casos de incapacidade total e permanente, sem possibilidade de reabilitação. É menos comum, mas pode ser indicada em casos de destruição articular severa, instabilidade irreversível ou falência de múltiplas cirurgias reconstrutivas.

Auxílio-acidente (B94): Quando há nexo causal com acidente de trabalho e sequelas permanentes que reduzem a capacidade laboral, mas não a eliminam completamente. Comum em lesões esportivas ou acidentes ocupacionais.

A progressão do auxílio-doença para aposentadoria por invalidez pode ocorrer quando, após período prolongado de tratamento e tentativas de reabilitação, comprova-se que não há perspectiva de recuperação da capacidade laboral.

Documentação Médica Essencial

Para comprovação do CID M23 junto ao INSS, é fundamental apresentar documentação médica abrangente:

Ressonância magnética do joelho: Exame padrão-ouro que demonstra objetivamente as lesões de menisco, ligamentos, cartilagens e outras estruturas internas, permitindo avaliação detalhada da gravidade e extensão das lesões.

Radiografias: Embora limitadas para estruturas internas, são úteis para avaliação de alterações ósseas, espaçamento articular, sinais de artrose e alinhamento articular.

Artroscopia diagnóstica/terapêutica: Quando realizada, fornece documentação direta das lesões internas e dos procedimentos realizados, sendo considerada padrão-ouro para diagnóstico definitivo.

Relatórios ortopédicos especializados: Devem incluir exame físico detalhado com testes específicos (Lachman, gaveta anterior/posterior, McMurray, Apley, etc.), avaliação da estabilidade ligamentar e amplitude de movimento.

Avaliação funcional: Testes objetivos de função do joelho, incluindo escalas de avaliação específicas como Lysholm Knee Score, IKDC ou outras escalas validadas.

Documentação de tratamentos realizados: Histórico completo de fisioterapia, medicamentos utilizados, infiltrações intra-articulares, procedimentos artroscópicos e, quando realizadas, cirurgias reconstrutivas com relatórios operatórios detalhados.

Exames complementares: Quando indicados, outros exames como tomografia computadorizada, cintilografia óssea ou ultrassonografia podem fornecer informações adicionais relevantes.

Tratamentos e Prognóstico

O tratamento dos transtornos internos dos joelhos é complexo e individualizado:

Tratamento conservador: Inclui repouso, anti-inflamatórios, analgésicos, fisioterapia especializada, fortalecimento muscular, propriocepção e uso de órteses ou joelheiras estabilizadoras.

Procedimentos minimamente invasivos: Infiltrações intra-articulares com corticosteroides ou ácido hialurônico, viscossuplementação e outras técnicas que podem proporcionar alívio sintomático.

Tratamento cirúrgico: Artroscopia com meniscectomia, reparo meniscal, reconstrução ligamentar (LCA, LCP), reparos capsulares e, em casos extremos, artroplastias (próteses) do joelho.

Reabilitação pós-cirúrgica: Programas específicos e prolongados de fisioterapia que são fundamentais para o sucesso do tratamento cirúrgico e recuperação funcional.

O prognóstico varia significativamente conforme o tipo e extensão da lesão, idade do paciente, nível de atividade prévia, aderência ao tratamento e presença de fatores complicadores como artrose preexistente.

Fatores de Risco e Prevenção

Diversos fatores podem predispor aos transtornos internos dos joelhos:

Atividade esportiva: Esportes que envolvem mudanças de direção, saltos e contato físico apresentam maior risco de lesões ligamentares e meniscais.

Atividade ocupacional: Profissões que exigem agachamento frequente, trabalho ajoelhado ou carregamento de peso podem predispor a lesões degenerativas.

Fatores anatômicos: Alterações do alinhamento dos membros inferiores, como geno valgo ou varo, podem predispor a lesões específicas.

Idade e gênero: Mulheres apresentam maior risco para lesões do ligamento cruzado anterior, enquanto lesões degenerativas são mais comuns com o avanço da idade.

Estratégias para Aprovação do Benefício

Baseada na experiência jurídica em casos de transtornos internos dos joelhos:

Documentação cronológica: Organizar toda documentação médica demonstrando a evolução das lesões, tratamentos realizados e resultados obtidos ao longo do tempo.

Correlação anatomo-funcional: Assegurar que os exames de imagem sejam correlacionados com as limitações funcionais relatadas, demonstrando nexo causal claro entre a lesão e a incapacidade.

Múltiplas especialidades: Buscar avaliação de diferentes especialistas (ortopedista, fisioterapeuta, medicina esportiva) para demonstrar a complexidade e gravidade do caso.

Documentação de limitações funcionais: Relatórios detalhados sobre limitações específicas para atividades laborais, incluindo impossibilidade de permanecer em pé, caminhar distâncias mínimas ou realizar movimentos básicos.

Perícia bem preparada: O segurado deve estar preparado para demonstrar objetivamente suas limitações durante a perícia, realizando testes funcionais quando solicitado pelo perito.

Desafios na Avaliação Pericial

A avaliação pericial de transtornos internos dos joelhos apresenta desafios específicos:

Variabilidade dos sintomas: Os sintomas podem variar conforme o nível de atividade, condições climáticas e outros fatores, sendo importante demonstrar a consistência das limitações.

Testes funcionais durante a perícia: O perito pode solicitar testes específicos de função do joelho, sendo importante que o segurado demonstre suas limitações reais sem exagero.

Correlação com exames de imagem: Nem sempre há correlação direta entre os achados de imagem e a intensidade dos sintomas, especialmente em lesões meniscais degenerativas.

Avaliação da capacidade residual: O perito deve avaliar se existe capacidade para atividades laborais alternativas, considerando as limitações específicas do joelho.

Direitos Trabalhistas e Previdenciários

Trabalhadores com transtornos internos dos joelhos podem ter direitos específicos:

Estabilidade no emprego: Quando há nexo com acidente de trabalho, o empregado pode ter direito à estabilidade de 12 meses após o retorno ao trabalho.

Readaptação profissional: Direito a ser readaptado em função compatível com suas limitações, evitando atividades que exijam deambulação prolongada ou esforço físico intenso.

Auxílio-acidente: Quando há redução permanente da capacidade laboral em decorrência de acidente de trabalho, mesmo que parcial.

Modificações ergonômicas: Direito a adaptações no ambiente de trabalho que reduzam a sobrecarga nos joelhos.

Reabilitação e Retorno ao Trabalho

O processo de reabilitação deve ser cuidadosamente planejado:

Avaliação funcional específica: Determinar que atividades o indivíduo ainda consegue realizar e quais limitações persistem após o tratamento.

Programa de fortalecimento: Exercícios específicos para musculatura do quadríceps, isquiotibiais e estabilizadores do quadril são fundamentais.

Treinamento proprioceptivo: Exercícios de equilíbrio e coordenação para melhorar a estabilidade funcional do joelho.

Adaptações graduais: Retorno progressivo às atividades, iniciando com tarefas menos demandantes e aumentando gradualmente conforme a tolerância.

Prevenção de Lesões Futuras

Para trabalhadores que retornam às atividades:

Fortalecimento preventivo: Manutenção de programa de exercícios para preservar a força muscular e estabilidade articular.

Técnicas adequadas: Treinamento em técnicas corretas para atividades que envolvem agachamento, levantamento de peso ou mudanças de direção.

Equipamentos de proteção: Uso de joelheiras, calçados adequados e outros equipamentos de proteção quando indicado.

Modificações ambientais: Adaptações no local de trabalho para reduzir demandas sobre os joelhos.

Conclusão e Orientações Jurídicas

O CID M23 representa um grupo diverso de condições que podem variar desde limitações funcionais leves até incapacidade total e permanente. A concessão de aposentadoria por invalidez não é automática e requer comprovação rigorosa de incapacidade irreversível para qualquer atividade laboral.

É fundamental buscar tratamento ortopédico especializado, manter toda documentação médica organizada e, quando necessário, buscar orientação jurídica para garantir todos os direitos previdenciários. Cada caso é único e merece avaliação individualizada, considerando não apenas a lesão específica, mas também seu impacto funcional global.

Como advogada especializada, oriento que transtornos internos dos joelhos podem ser extremamente limitantes, especialmente quando há instabilidade severa ou dor crônica refratária. A documentação adequada das limitações funcionais é fundamental para o sucesso na obtenção dos benefícios previdenciários.

Para esclarecimentos específicos sobre seus direitos relacionados ao CID M23 ou outros transtornos que afetem a capacidade de deambulação e atividades laborais, entre em contato para consulta jurídica especializada. Estou aqui para ajudar você a navegar pelo complexo sistema previdenciário e garantir todos os benefícios a que pode ter direito, especialmente considerando as particularidades das lesões do joelho e seu impacto na capacidade laboral.

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Karoline Francisco Advogada