Cirurgia de menisco: tempo de afastamento e direitos no INSS
Resumo rápido: após cirurgia no menisco (meniscectomia ou sutura), o tempo de afastamento pode variar de algumas semanas a meses, dependendo da extensão, técnica usada e exigência do trabalho. Para obter auxílio-doença, é preciso comprovar incapacidade com laudos e perícia no INSS. Se a lesão decorrer do trabalho, pode ser reconhecida como doença ocupacional (B-91), garantindo estabilidade de 12 meses. Se restarem sequelas, pode-se pleitear auxílio-acidente ou aposentadoria por incapacidade.

O QUE É LESÃO DE MENISCO E TIPOS DE CIRURGIA
Anatomia e função do menisco
O menisco é uma estrutura de cartilagem em formato de "C" localizada no joelho, entre o fêmur e a tíbia. Existem dois meniscos em cada joelho: menisco medial (interno) e menisco lateral (externo). Suas principais funções são:
- Amortecimento de impactos: Absorve o choque durante caminhada, corrida e saltos
- Distribuição de carga: Espalha o peso corporal pela superfície do joelho
- Estabilidade: Ajuda a estabilizar a articulação do joelho
- Lubrificação: Auxilia na distribuição do líquido sinovial
Causas e sintomas da lesão de menisco
A lesão de menisco pode ocorrer por trauma agudo (torção brusca, esporte de contato, acidente) ou degenerativa (desgaste ao longo do tempo). Sintomas comuns:
- Dor no joelho: Especialmente na linha articular
- Inchaço: Edema que surge horas após a lesão
- Bloqueio articular: Sensação de travamento do joelho
- Instabilidade: Sensação de que o joelho vai "falhar"
- Dificuldade para agachar ou subir escadas
- Estalos ou cliques ao movimentar o joelho
Tipos de cirurgia de menisco
As cirurgias mais comuns para tratar lesões de menisco são realizadas por videoartroscopia (minimamente invasiva):
1. Meniscectomia parcial:
- O que é: Remoção da parte lesionada do menisco
- Indicação: Lesões complexas, degenerativas ou sem potencial de cicatrização
- Recuperação: Mais rápida (2 a 6 semanas para atividades leves)
- Vantagem: Alívio imediato dos sintomas
- Desvantagem: Remoção de tecido pode aumentar risco de artrose no longo prazo
2. Meniscorrafia (sutura do menisco):
- O que é: Costura da lesão para preservar o menisco
- Indicação: Lesões recentes, em zona vascularizada (com irrigação sanguínea), em pacientes jovens
- Recuperação: Mais lenta (6 a 12 semanas ou mais), pois exige tempo de cicatrização
- Vantagem: Preserva o menisco, reduzindo risco de artrose futura
- Desvantagem: Requer restrições rigorosas no pós-operatório
ESTIMATIVA DE TEMPO DE AFASTAMENTO
Tempo de recuperação: meniscectomia parcial
Quando parte do menisco é removida, o retorno ao trabalho pode ser mais rápido:
| Período | Atividades Permitidas | Tipo de Trabalho |
|---|---|---|
| 1 a 2 semanas | Repouso relativo, gelo, elevação | Todos afastados |
| 2 a 4 semanas | Atividades leves, sem impacto | Trabalho administrativo, sentado |
| 4 a 6 semanas | Atividades normais progressivas | Trabalho moderado sem esforço excessivo |
| 8 a 12 semanas | Retorno completo com fisioterapia | Trabalho físico pesado, esportes |
Conclusão: Para trabalho leve, o retorno pode ocorrer em 2 a 4 semanas. Para trabalho físico pesado, pode levar 8 a 12 semanas ou mais.
Tempo de recuperação: meniscorrafia / sutura
Quando o menisco é suturado, o afastamento é geralmente maior devido à necessidade de cicatrização do tecido:
| Período | Restrições | Observações |
|---|---|---|
| 0 a 6 semanas | Carga parcial com muletas, órtese, sem agachar | Proteção da sutura, início de fisioterapia leve |
| 6 a 12 semanas | Progressão de carga, fortalecimento muscular | Retorno gradual a atividades leves |
| 3 a 6 meses | Retorno completo com liberação médica | Esportes de alto impacto, trabalho físico pesado |
Conclusão: A sutura de menisco exige 6 a 12 semanas para trabalho leve e pode levar 3 a 6 meses para retorno completo a atividades de alto impacto ou trabalho físico pesado.
Fatores que alteram o tempo de afastamento
Vários fatores podem aumentar ou diminuir o tempo de recuperação:
- Tipo de trabalho: Trabalho físico pesado, que exige agachar, subir escadas, carregar peso ou longos períodos em pé prolonga o afastamento
- Complicações pós-operatórias: Infecção, rigidez articular, derrame articular persistente
- Comorbidades: Diabetes (cicatrização mais lenta), obesidade (sobrecarga no joelho), problemas circulatórios
- Adesão à fisioterapia: Recuperação adequada da força muscular e amplitude de movimento é essencial
- Extensão da lesão: Lesões maiores ou em múltiplos locais demoram mais para cicatrizar
- Idade: Pacientes mais jovens tendem a recuperar mais rápido
- Lesões associadas: LCA (ligamento cruzado anterior), lesões de cartilagem, outras estruturas do joelho
AUXÍLIO-DOENÇA (BENEFÍCIO POR INCAPACIDADE TEMPORÁRIA) NO INSS
Requisitos para concessão
Para conseguir o auxílio-doença após cirurgia de menisco, é necessário:
- Incapacidade temporária: Ficar impossibilitado de trabalhar por mais de 15 dias consecutivos
- Qualidade de segurado: Estar contribuindo para o INSS ou dentro do período de graça
- Carência: Ter cumprido 12 contribuições mensais (regra geral). Exceção: se reconhecida como acidente de trabalho ou doença ocupacional, não há carência
- Prova médica: Laudos, exames (ressonância magnética), relatórios e atestados médicos que comprovem a lesão e a necessidade de afastamento
- Perícia médica do INSS: Aprovação pelo perito federal que avaliará a incapacidade
Como pedir pelo Meu INSS
Passo a passo para solicitar o benefício:
- 1. Acesse o Meu INSS: Baixe o aplicativo ou acesse meu.inss.gov.br
- 2. Faça login: Use CPF e senha gov.br
- 3. Selecione: "Benefício por Incapacidade Temporária" (antigo auxílio-doença)
- 4. Escolha Atestmed: Se disponível, opte por análise documental sem perícia presencial
- 5. Anexe documentos: Laudo cirúrgico, relatório do ortopedista, ressonância magnética, atestados, relatórios de evolução pós-operatória
- 6. Agende perícia: Se necessário, compareça à perícia médica com toda documentação original
- 7. Acompanhe: Verifique o status pelo app e responda a eventuais exigências
Documentação essencial para o pedido
- ✓ Ressonância magnética do joelho: Exame pré-operatório que mostra a lesão do menisco
- ✓ Laudo cirúrgico: Relatório detalhado do procedimento realizado (meniscectomia ou sutura), data da cirurgia
- ✓ Relatório do ortopedista: Descrição do quadro clínico, período de afastamento necessário, restrições funcionais (não agachar, não carregar peso, uso de muletas)
- ✓ Atestados médicos: De todos os períodos de afastamento
- ✓ Relatórios de evolução: Consultas de acompanhamento pós-operatório
- ✓ Relatório de fisioterapia: Se estiver em reabilitação, comprovar a necessidade de tratamento prolongado
- ✓ Descrição da função exercida: Documento explicando as atividades do trabalho e por que a lesão impede sua realização (ex.: trabalho exige agachar, subir escadas, ficar em pé por longas horas)
- ✓ PPP (se doença ocupacional): Perfil Profissiográfico Previdenciário demonstrando exposição a fatores de risco
RECONHECIMENTO DO NEXO OCUPACIONAL: COMUM VS ACIDENTÁRIO
Diferença entre B-31 (comum) e B-91 (acidentário)
A classificação do benefício como B-31 (previdenciário/comum) ou B-91 (acidentário) faz grande diferença:
| Característica | B-31 (Comum) | B-91 (Acidentário) |
|---|---|---|
| Natureza | Doença comum, trauma esportivo | Doença ocupacional/acidente trabalho |
| Carência | 12 contribuições | Sem carência |
| Estabilidade | ❌ Não | ✅ 12 meses após retorno |
| FGTS | Suspenso | Mantido |
| CAT | Não obrigatória | Obrigatória |
Quando a lesão de menisco é considerada ocupacional
A lesão de menisco pode ser reconhecida como doença ocupacional (B-91) quando decorre da atividade laboral. Situações comuns:
- Movimentos repetitivos do joelho: Agachar constantemente, ajoelhar frequentemente (pedreiros, instaladores de pisos, jardineiros)
- Esforço físico excessivo: Carregar peso constantemente, subir e descer escadas repetidamente (estoquistas, carregadores, entregadores)
- Sobrecarga mecânica: Ficar em pé por longos períodos em superfícies duras, caminhar longas distâncias com carga
- Trauma durante o trabalho: Queda no ambiente de trabalho, torção do joelho ao realizar atividade laboral
- Postura inadequada: Trabalho que exige posições forçadas dos joelhos
Para comprovar o nexo ocupacional, você deve apresentar: CAT (Comunicação de Acidente de Trabalho), PPP, laudos médicos atestando relação com o trabalho, descrição detalhada das atividades, testemunhas e, se possível, perícia técnica ergonômica.
SEQUELAS PERMANENTES: AUXÍLIO-ACIDENTE OU APOSENTADORIA POR INCAPACIDADE
Quando pedir auxílio-acidente
Após a recuperação, se permanecerem sequelas que reduzam a capacidade funcional, mesmo que você volte a trabalhar, pode requerer auxílio-acidente como indenização mensal. Situações que podem gerar direito:
- Dor crônica no joelho: Persistente mesmo após fisioterapia e recuperação
- Limitação de amplitude de movimento: Dificuldade permanente para agachar completamente ou estender o joelho
- Instabilidade articular: Sensação de que o joelho "falha" ou "trava"
- Perda de força muscular: Atrofia do quadríceps que não se recuperou
- Claudicação: Mancar ao caminhar devido à dor ou limitação
- Artrose pós-traumática: Desenvolvimento de desgaste articular após a lesão
Valor: 50% do salário de benefício
Acumulação: Pode acumular com salário e aposentadoria por idade/tempo de contribuição
Não acumula: Com aposentadoria por invalidez
Aposentadoria por incapacidade permanente
Se a lesão de menisco, mesmo após cirurgia e tratamentos, resultar em incapacidade total e permanente para qualquer atividade laboral, pode-se pleitear aposentadoria por incapacidade permanente. Isso é mais comum quando há:
- Múltiplas cirurgias sem sucesso: Várias intervenções que não restabeleceram a função
- Artrose grave: Desgaste articular severo que impossibilita uso do joelho
- Lesões associadas graves: Lesão de LCA, LCP, múltiplas estruturas do joelho
- Complicações graves: Infecção crônica, rigidez articular permanente
- Idade avançada + comorbidades: Impossibilidade de reabilitação para qualquer função
Requisitos: Incapacidade total e permanente comprovada por perícia, impossibilidade de reabilitação, carência de 12 contribuições (dispensada se acidentário), qualidade de segurado mantida.
JURISPRUDÊNCIA E CASOS REAIS
Decisões judiciais sobre lesão de menisco e INSS
Há decisões judiciais que reconhecem o direito ao auxílio-doença para lesão de menisco, especialmente quando acompanhada de outros problemas no joelho. Os tribunais consideram:
- TRF-4: Reconheceu direito ao auxílio-doença em caso com "ruptura do menisco" e concedeu benefício até a sentença, descontando valores já pagos pelo INSS
- Entendimento consolidado: A perícia deve identificar incapacidade parcial e temporária para o trabalho habitual, considerando a função exercida e a necessidade de recuperação pós-cirúrgica
- Nexo ocupacional: Quando comprovado que a lesão decorre de atividades laborais (agachar, carregar peso, postura forçada), tribunais tendem a reconhecer como B-91, garantindo estabilidade
Exemplo prático: Instalador de pisos - meniscectomia
Perfil: Homem, 42 anos, instalador de pisos há 15 anos. Trabalho exige ajoelhar constantemente.
Lesão: Ruptura do menisco medial do joelho direito por degeneração (microtraumas repetitivos).
Cirurgia: Meniscectomia parcial por videoartroscopia.
Afastamento: Solicitou auxílio-doença. Inicialmente concedido como B-31. Com ajuda de advogado, apresentou PPP, CAT e laudo de médico do trabalho comprovando nexo causal. Convertido para B-91.
Retorno: Após 6 semanas, retornou ao trabalho com restrições (uso de joelheiras, pausas regulares, alternância de posição). Concedido auxílio-acidente (50%) devido a dor residual e limitação para ajoelhar por longos períodos. Estabilidade de 12 meses garantida.
PERGUNTAS FREQUENTES (FAQ)
Qual o tempo médio de afastamento após cirurgia de menisco?
Para meniscectomia parcial, entre 2 e 4 semanas para trabalho leve, podendo chegar a 8-12 semanas para trabalho pesado. Para reparo (sutura), pode variar de 6 a 12 semanas ou mais, dependendo do trabalho e da complexidade da lesão.
Preciso de 12 contribuições para pedir auxílio?
Sim, na regra geral o benefício por incapacidade exige carência de 12 contribuições mensais. Exceção: se a lesão for reconhecida como acidente de trabalho ou doença ocupacional, a carência é dispensada.
Cirurgia de menisco garante afastamento automático?
Não. É necessário comprovar que a incapacidade supera 15 dias consecutivos e passar por perícia médica do INSS. A cirurgia por si só não garante o benefício — precisa demonstrar impossibilidade de trabalhar durante a recuperação.
Posso obter estabilidade se for caso ocupacional?
Sim. Se reconhecido como B-91 (doença ocupacional ou acidente de trabalho), você tem direito à estabilidade de 12 meses após retorno ao trabalho, conforme artigo 118 da Lei 8.213/91.
O que fazer se o INSS negar?
Você pode recorrer administrativamente dentro de 30 dias, apresentando documentação mais completa (laudos detalhados, exames, relatórios). Se o recurso for negado, procure advogado previdenciário para ingressar com ação judicial. A perícia judicial costuma ser mais criteriosa que a administrativa.
Posso voltar a trabalhar durante o auxílio-doença?
Não. Voltar a trabalhar durante o recebimento do auxílio-doença é considerado fraude previdenciária, podendo resultar em cancelamento do benefício, devolução de valores recebidos e até processo criminal. Só retorne após alta médica oficial do INSS.
PRINCIPAIS PONTOS / CONSIDERAÇÕES IMPORTANTES
Tempo varia conforme cirurgia
Meniscectomia: 2-4 semanas (leve) a 8-12 semanas (pesado). Sutura: 6-12 semanas ou mais.
Tipo de trabalho é decisivo
Trabalho que exige agachar, subir escadas, ficar em pé ou carregar peso prolonga o afastamento.
Documentação completa
Ressonância, laudo cirúrgico, relatórios e atestados são essenciais para aprovação no INSS.
Nexo ocupacional = estabilidade
Se reconhecido como B-91, você tem 12 meses de estabilidade no emprego após retorno.
Sequelas geram auxílio-acidente
Dor crônica, limitação de movimento ou instabilidade podem justificar auxílio-acidente (50%).
Busque orientação especializada
Em caso de negativa, advogado previdenciário pode fazer diferença em recurso ou ação judicial.
CONCLUSÃO E CHAMADA PARA AÇÃO
A cirurgia de menisco exige planejamento cuidadoso: o tempo de afastamento pode variar de algumas semanas a meses, conforme o tipo de procedimento (meniscectomia ou sutura), função exercida e processo de recuperação. Para trabalho leve, a meniscectomia permite retorno em 2-4 semanas, enquanto a sutura pode exigir 6-12 semanas ou mais.
Para suprir a perda de renda durante o afastamento, o benefício por incapacidade temporária (auxílio-doença) é o instrumento correto quando a incapacidade excede 15 dias. Se a lesão estiver ligada ao trabalho, reivindicar o nexo ocupacional (B-91) pode garantir estabilidade de 12 meses após retorno. Se restarem sequelas permanentes que reduzam sua capacidade funcional, o auxílio-acidente ou até aposentadoria por incapacidade podem ser alternativas.
Organize seus documentos médicos completos (ressonância magnética, laudo cirúrgico, relatórios, exames, atestados), peça o auxílio pelo Meu INSS e, se houver negativa injusta, recorra administrativamente ou judicialmente com assistência especializada. Não deixe seus direitos previdenciários de lado — a recuperação adequada e a proteção da renda são essenciais para seu bem-estar.
PRECISA DE AJUDA COM AFASTAMENTO INSS APÓS CIRURGIA? FALE COM ESPECIALISTA EM DIREITO PREVIDENCIÁRIO
*Este conteúdo é informativo e não substitui avaliação médica ou jurídica individual.

