Espondiloartrose Anquilosante Aposenta? Guia Completo Sobre Direitos no INSS

A dor lombar que insiste, a rigidez matinal que te deixa travada por minutos (às vezes horas) e a dificuldade de permanecer na mesma posição durante o expediente podem levantar uma dúvida muito prática: Espondiloartrose Anquilosante aposenta? Este guia foi feito para explicar, de forma direta e acessível, quando a condição pode gerar direito a benefício no INSS e como proteger sua renda.

Espondilite Anquilosante e direitos no INSS

O que é Espondilite/Espondiloartrose Anquilosante (CID M45)

Doença inflamatória crônica da coluna

A Espondilite (ou espondiloartrose) anquilosante é uma doença inflamatória crônica que acomete principalmente a coluna e as articulações sacroilíacas. Os sinais clássicos incluem dor inflamatória lombar que melhora com movimento e rigidez matinal prolongada. Em parte dos casos, a inflamação persistente pode levar a limitação de mobilidade e até anquilose (fusão), prejudicando atividades simples como sentar, levantar, girar o tronco, alcançar objetos e caminhar por longos períodos.

Impactos no trabalho

No trabalho, os impactos são práticos: ficar muito tempo sentada ou em pé, repor prateleiras, empurrar carrinhos, dobrar o tronco, carregar peso ou realizar movimentos repetidos intensifica a dor e a fadiga. O diagnóstico costuma considerar histórico clínico detalhado, exame físico, exames de imagem (radiografia, ressonância) e, em alguns casos, marcadores laboratoriais.

O que importa para o INSS

Para fins de benefícios, mais que o rótulo diagnóstico, importa como a doença limita sua capacidade funcional no dia a dia. A perícia médica avaliará se você consegue desempenhar suas atividades habituais e se há possibilidade de reabilitação para outras funções.

Benefícios do INSS: temporários, indenizatórios e permanentes

Auxílio-doença (benefício por incapacidade temporária)

Concedido quando os sintomas impedem você de exercer a função habitual por um período. Exige qualidade de segurado, (em regra) carência e perícia médica favorável. Dura enquanto persistir a incapacidade, podendo haver prorrogação mediante novos laudos.

Auxílio-acidente (indenizatório)

Pago quando, após o tratamento, permanece uma sequela permanente que reduz a capacidade, mas não impede totalmente o trabalho. Funciona como um complemento mensal, sem "aposentar". É ideal para quem volta ao trabalho mas mantém limitações significativas.

Aposentadoria por incapacidade permanente

Aplicada quando, mesmo com tratamento e tentativas de reabilitação, há incapacidade total e definitiva para qualquer atividade que garanta subsistência, considerando escolaridade, idade e histórico profissional. É aqui que a pergunta "Espondiloartrose Anquilosante aposenta?" pode ter resposta positiva, desde que a prova funcional seja sólida.

Quando a Espondiloartrose Anquilosante pode "aposentar"

Três condições que precisam convergir

A concessão de aposentadoria não é automática. Em geral, três condições precisam convergir:

  • Gravidade funcional real: dor persistente, rigidez acentuada, perda de mobilidade e limitação para tarefas essenciais.
  • Permanência da incapacidade: falha terapêutica apesar de medicação, fisioterapia, ergonomia e repouso.
  • Inviabilidade de reabilitação: tentativa de readaptação a outra função sem sucesso prático.

Detalhes que fazem diferença

Nessa avaliação, detalhes fazem diferença: qual o tempo de rigidez pela manhã, quanto tempo você tolera sentada em atividade estática, quais movimentos disparam a dor, quanto peso consegue carregar, quantas pausas precisa para completar o turno e quais tarefas não consegue mais executar. Quanto mais objetivo o relato, maior a chance de reconhecimento de incapacidade.

Passo a passo para pedir auxílio-doença por espondilite/espondiloartrose

1. Verifique qualidade de segurado e carência

Conferindo contribuições recentes ou período de graça. Em alguns cenários de doença grave, há flexibilizações de carência; mantenha seu histórico contributivo organizado.

2. Monte um dossiê clínico-funcional

Laudo com CID M45, evolução, terapias, exames, limites (ex.: "rigidez matinal > 60 min", "necessidade de pausas a cada 20 min para levantar e alongar", "dor 8/10 ao girar tronco").

3. Descreva a rotina de trabalho

Tarefas, pesos, metas, postos, ritmo, posturas mantidas, tempos de tolerância e como a dor interrompe a atividade.

4. Requerimento no Meu INSS e perícia

Protocole o pedido e leve tudo impresso, em ordem cronológica, com um sumário simples.

5. Prorrogação ou recurso

Se a incapacidade persistir, peça prorrogação com novos relatórios; se houver negativa, prepare recurso indicando itens ignorados e anexando documentos atualizados.

Como converter auxílio-doença em aposentadoria por incapacidade

Quando buscar a conversão

Se a incapacidade se mostra duradoura e a reabilitação fracassa, é possível solicitar a conversão do auxílio-doença em aposentadoria por incapacidade permanente. Reforce o dossiê com documentação atualizada e completa.

Documentação necessária

  • Linha do tempo terapêutica: medicações, fisioterapia, infiltrações quando indicadas e respostas obtidas.
  • Pareceres que demonstrem inviabilidade de reabilitação: inclusive avaliações de ergonomia e terapia ocupacional.
  • Relatos funcionais atualizados: tempos, tolerâncias, pausas, tarefas impossíveis e tentativas mal sucedidas.

Via administrativa e judicial

Se o pedido for indeferido, avalie recurso administrativo e, se necessário, a via judicial. Muitas concessões ocorrem após documentação mais completa, com foco na incapacidade total e permanente.

Quanto você recebe: cálculo do benefício e adicional de 25%

Cálculo do benefício

O valor do auxílio-doença e da aposentadoria por incapacidade considera a sua base contributiva. Em linhas gerais, o auxílio-doença substitui temporariamente a renda com base na média contributiva, e a aposentadoria por incapacidade aplica regras próprias, normalmente mais vantajosas que o benefício temporário.

Adicional de 25%

Se, em razão da espondilite/espondiloartrose, você precisar de assistência permanente de outra pessoa para atividades básicas (banho, vestir, higiene, locomoção), é possível pleitear o adicional de 25% sobre a aposentadoria por incapacidade. Nesse caso, peça ao médico que descreva de forma explícita a dependência para as atividades da vida diária e a necessidade de auxílio contínuo.

Riscos de indeferimento e como evitá-los

Erros comuns que levam à negativa

  • Relatórios genéricos: "dor nas costas" não explica incapacidade. Traduza para a linguagem da função.
  • Exames desatualizados: leve o que há de mais recente e coerente com a evolução.
  • Incoerência de narrativa: prepare um breve roteiro para a perícia e evite contradições.
  • Falta de linha do tempo: mostre claramente quando começou, o que foi tentado e como respondeu.
  • Ausência de tentativa de reabilitação: documente as tentativas e por que não funcionaram na prática.

Estudo de caso: Sandra, 42 anos, operadora de caixa

Ano 1: Início dos sintomas e auxílio-doença

Dor lombar inflamatória, rigidez matinal prolongada, perda de mobilidade. Laudos com CID M45, fisioterapia, medicação e afastamento com auxílio-doença. As tarefas no caixa (postura sentada prolongada, rotação do tronco, pequenos alcances repetidos) pioram o quadro após 30-40 minutos.

Ano 2: Tentativa de readaptação

Tentativa de readaptação em posto administrativo. Mesmo com pausas programadas, Sandra não tolera permanecer sentada por mais de 20-30 minutos sem agravar a rigidez. A área de saúde ocupacional registra que a readaptação é inviável. Os laudos passam a trazer descrições funcionais precisas.

Ano 3: Conversão em aposentadoria

Com dossiê robusto e reabilitação frustrada, ela solicita a conversão do benefício para aposentadoria por incapacidade permanente. A perícia reconhece a incapacidade total e a impossibilidade de exercício de outra atividade compatível com sua formação e experiência.

Considerações importantes (checklist rápido)

Não é o diagnóstico que aposenta

É a incapacidade total, permanente e sem reabilitação viável que determina o direito.

Comece pelo auxílio-doença

Quando a incapacidade ainda é temporária; planeje a conversão se o quadro persistir.

Prova funcional é tudo

Descreva tarefas, tempos, pausas, pesos e movimentos que você não consegue realizar.

Dossiê forte é essencial

Combine laudos, exames, linha do tempo terapêutica e tentativas de readaptação documentadas.

Adicional de 25%

Quando houver dependência de terceiros para atividades básicas diárias.

Recurso e revisão fazem parte

Mantenha organização documental e não desista após a primeira negativa.

Conclusão

Em resumo, a resposta para "Espondiloartrose Anquilosante aposenta?" é: pode aposentar, desde que fique demonstrado (com prova funcional consistente) que a doença gera incapacidade total e permanente e que não há função alternativa viável para a sua realidade. Na maioria dos casos, o percurso começa com o auxílio-doença, enquanto você trata e organiza a documentação.

Mantenha uma postura ativa: registre sintomas, horários, tarefas e pausas; peça laudos que falem de função (e não só de diagnóstico); atualize exames quando necessário; e esteja pronta para recorrer com argumentos objetivos. Assim, você transforma a dúvida em estratégia e protege sua renda com base nos seus direitos.

Perguntas frequentes (FAQ)

1) Espondiloartrose Anquilosante aposenta automaticamente?

Não. A aposentadoria exige incapacidade total e permanente, comprovada em perícia, e a demonstração de que reabilitação não é possível na prática.

2) Preciso cumprir carência para pedir benefício?

Em regra, sim. Contudo, em cenários de doença grave/qualificada, existem flexibilizações. Mantenha suas contribuições e documentos em ordem.

3) Posso começar com auxílio-doença e depois "virar" aposentadoria?

Sim. Se a incapacidade se tornar permanente, solicite a conversão com laudos atualizados e prova de reabilitação frustrada.

4) O que conta mais: diagnóstico ou funcionalidade?

Ambos importam, mas a funcionalidade pesa muito na perícia. Descreva o que você não consegue fazer, por quanto tempo, com que intensidade de dor e quais pausas precisa.

5) O adicional de 25% se aplica a todo mundo?

Não. Ele é voltado a quem precisa de assistência permanente de outra pessoa para atividades básicas diárias, e deve ser solicitado com documentação específica.

6) O que fazer se o pedido for negado?

Apresente recurso administrativo apontando pontos ignorados na análise e anexando documentos novos. Se necessário, avalie a via judicial.

7) A perícia considera minha rotina real de trabalho?

Sim. Por isso, leve uma descrição funcional objetiva da sua rotina, tempos de tolerância, tarefas que não consegue executar e tentativas de adaptação.

8) Parar totalmente de trabalhar ajuda a "provar" incapacidade?

O foco não é "parar" por si só, e sim provar que, mesmo com tratamento e tentativas de adaptação, a sua incapacidade persiste e impede o desempenho sustentável.

Mensagem final

Este guia te ajudou a entender quando a Espondiloartrose Anquilosante aposenta e como organizar seu pedido? Se você precisa de orientação específica sobre documentos, perícia ou readaptação profissional, entre em contato conosco para uma avaliação personalizada do seu caso. Compartilhe este conteúdo com quem pode precisar: sua ação pode orientar outras pessoas a proteger seus direitos com mais segurança.

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*Este conteúdo é informativo e não substitui avaliação médica ou jurídica individual.

Karoline Francisco Advogada