Bursite no quadril aposenta? Direitos do INSS explicados para quem está afastada
A bursite no quadril pode gerar direito a benefícios do INSS como aposentadoria por invalidez, auxílio-doença ou auxílio-acidente. Entenda os requisitos legais, o processo de perícia médica e as estratégias para garantir seus direitos previdenciários, incluindo tratamento e reabilitação profissional.

O QUE É BURSITE NO QUADRIL — CAUSAS, SINTOMAS E DIAGNÓSTICO
Tipos de bursite (trocantérica, iliopectínea, etc.)
A bursite no quadril é a inflamação das bursas — pequenas bolsas de líquido que reduzem o atrito entre ossos, tendões e músculos. Os principais tipos são: bursite trocantérica (mais comum, atinge a lateral do quadril), bursite iliopectínea (região da virilha, menos frequente), e bursite isquiática (região glútea, mais rara). A bursite trocantérica causa dor intensa na lateral do quadril, piorando ao deitar sobre o lado afetado, subir escadas, caminhar longas distâncias ou ficar em pé por tempo prolongado.
Fatores de risco (movimento repetitivo, obesidade, postura)
A bursite no quadril pode ser causada por: movimentos repetitivos (trabalho braçal, carregamento de peso, subir/descer escadas constantemente), obesidade (sobrecarga nas articulações), má postura (desequilíbrio muscular, pisada errada, uso de sapatos inadequados), trauma direto (queda sobre o quadril, acidente), atividades físicas de alto impacto (corrida, saltos, futebol), doenças associadas (artrose, artrite reumatoide, diabetes), desigualdade de membros inferiores (perna mais curta), e envelhecimento (degeneração natural das estruturas).
Como é feito o diagnóstico (exame clínico, imagem, ultrassom/ressonância)
O diagnóstico é feito por ortopedista ou fisiatra através de: exame clínico (avaliação da dor, palpação, testes de mobilidade), ultrassom (identifica inflamação das bursas, é o exame mais usado), ressonância magnética (mais detalhado, mostra inflamação, edema ósseo, tendinites associadas, lesões de cartilagem), e raio-X (afasta fraturas, calcificações, artrose). É importante diferenciar a bursite de outras causas de dor no quadril: tendinite dos glúteos, artrose do quadril, síndrome do piriforme, hérnia de disco lombar com irradiação.
BURSITE NO QUADRIL: PODE CAUSAR INCAPACIDADE PARA TRABALHAR?
Crises agudas x fase crônica
• Crises agudas: Dor intensa e súbita, dificuldade para caminhar, deitar sobre o lado afetado, subir escadas. Pode incapacitar temporariamente para o trabalho, especialmente em funções que exigem mobilidade, esforço físico, ficar em pé ou sentado por tempo prolongado. Geralmente, responde bem ao tratamento (anti-inflamatórios, fisioterapia, repouso, infiltração).
• Fase crônica: Quando a bursite não responde ao tratamento ou fica recorrente (volta frequentemente). A dor se torna constante ou aparece aos menores esforços, limitando atividades simples (caminhar, trabalhar, dormir). Pode causar incapacidade permanente dependendo da profissão, idade, comorbidades e resposta ao tratamento.
Quando a dor impossibilita atividades simples
A bursite pode incapacitar quando: impede caminhar longas distâncias (mais de 30 minutos seguidos), torna impossível ficar em pé por tempo prolongado (comércio, caixa, atendimento ao público), impede subir/descer escadas (essencial em diversos trabalhos), causa dor ao sentar ou levantar repetidamente, dificulta carregar peso (mesmo leve), provoca claudicação (mancar), gera insônia (dor ao deitar sobre o lado afetado), e está associada a limitação bilateral (ambos os quadris) ou comorbidades (artrose, obesidade, diabetes, problemas na coluna).
Exemplos reais (casos documentados)
• Faxineira, 52 anos, bursite trocantérica bilateral: Dor crônica há 3 anos, múltiplos tratamentos sem sucesso (fisioterapia, infiltrações, anti-inflamatórios). Incapacidade para agachar, carregar peso, ficar em pé por tempo prolongado. Concedido auxílio-doença e posteriormente aposentadoria por invalidez, considerando baixa escolaridade e impossibilidade de reabilitação para função compatível.
• Operário de fábrica, 48 anos, bursite trocantérica + artrose de quadril: Trabalho exigia ficar em pé 8 horas/dia, subir escadas, carregar caixas. Após 2 anos de afastamento intermitente, perícia reconheceu incapacidade permanente para a função habitual. Concedido auxílio-acidente (50%) e reabilitação profissional para função administrativa.
• Auxiliar de enfermagem, 45 anos, bursite trocantérica crônica: Dor incapacitante para movimentar pacientes, ficar em pé, caminhar longas distâncias nos corredores do hospital. Concedido auxílio-doença por 1 ano, com melhora parcial após tratamento. Retornou ao trabalho em função adaptada (setor administrativo).
Relação com outras lesões ou comorbidades (ex: artrose)
A bursite raramente ocorre isolada. Frequentemente está associada a: artrose de quadril (desgaste da cartilagem, muito comum em conjunto com bursite), tendinite dos glúteos (inflamação dos tendões próximos à bursa), síndrome da banda iliotibial (atrito do tendão na lateral do quadril), hérnia de disco lombar (pode causar dor irradiada para o quadril), obesidade (sobrecarga nas articulações, dificulta tratamento), diabetes (pior resposta inflamatória, maior risco de cronicidade), e fibromialgia (dor generalizada, piora o quadro). Quanto mais comorbidades associadas, maior a chance de incapacidade permanente e maior a força do pedido no INSS.
BENEFÍCIOS DO INSS DISPONÍVEIS PARA QUEM SOFRE DE BURSITE NO QUADRIL
Auxílio-doença (benefício por incapacidade temporária)
Como solicitar via Meu INSS / 135 / perícia
1. Acesse o Meu INSS (aplicativo ou site gov.br/meuinss).
2. Faça login com CPF e senha (ou conta gov.br).
3. Clique em "Novo Pedido" → "Auxílio por Incapacidade Temporária".
4. Preencha os dados e anexe atestados médicos, laudos de ortopedista/fisiatra, exames de imagem (ultrassom, ressonância).
5. Agende perícia médica (presencial ou à distância).
6. Compareça à perícia com toda a documentação original (RG, CPF, CTPS, laudos, exames, atestados, histórico de tratamentos).
Alternativa: Ligar para 135 (telefone do INSS) e solicitar o benefício por telefone (mais demorado).
Requisitos (carência, qualidade de segurado)
• Qualidade de segurado: Estar contribuindo ou no período de graça (até 12 meses após parar de contribuir, podendo chegar a 36 meses em casos específicos).
• Carência: 12 contribuições mensais. Não há carência se a bursite decorreu de acidente de trabalho ou doença ocupacional (ex: bursite causada por movimentos repetitivos no trabalho).
• Incapacidade temporária: Comprovada por atestados e laudos médicos, demonstrando que a pessoa está temporariamente incapaz de trabalhar.
Aposentadoria por invalidez (aposentadoria por incapacidade permanente)
Quando é concedida
A aposentadoria por invalidez é concedida quando o segurado está total e permanentemente incapaz para qualquer atividade laboral e sem possibilidade de reabilitação profissional. Na bursite no quadril, a aposentadoria é concedida em casos de: bursite crônica bilateral (ambos os quadris), bursite refratária (não responde a nenhum tratamento), bursite + artrose avançada (desgaste severo da articulação), bursite + obesidade mórbida (impossibilita tratamento adequado), idade avançada (acima de 50-55 anos), baixa escolaridade (analfabeto ou fundamental incompleto), e histórico em trabalhos braçais (sem possibilidade de reconversão profissional).
Requisitos específicos (perícia, ausência de reabilitação)
• Perícia médica: Obrigatória. O perito avaliará laudos, exames, histórico de tratamentos, possibilidade de reabilitação.
• Impossibilidade de reabilitação: O INSS avalia se há chance de readaptação profissional (cursos, capacitação, mudança de função). Se houver possibilidade real de trabalhar em função compatível (mesmo que diferente da habitual), a aposentadoria pode ser negada.
• Documentação robusta: Laudos de múltiplos especialistas (ortopedista, fisiatra, reumatologista), histórico completo de tratamentos (fisioterapia, medicamentos, infiltrações, cirurgias se houver), exames atualizados (ultrassom, ressonância), relatórios funcionais (o que você consegue e não consegue fazer).
Auxílio-acidente como alternativa
O que é e quem tem direito
O auxílio-acidente é um benefício indenizatório concedido quando, após a consolidação das lesões (alta médica do auxílio-doença), resta uma sequela definitiva que reduz a capacidade para o trabalho habitual. A bursite crônica pode se enquadrar, pois causa limitação permanente na mobilidade, capacidade de carregar peso, ficar em pé/caminhar por tempo prolongado, subir/descer escadas. Valor: 50% do salário de benefício. Acumulação: Pode acumular com salário (se voltar a trabalhar), aposentadoria por idade ou tempo de contribuição. NÃO pode acumular com aposentadoria por invalidez.
Benefício acidentário (auxílio-doença acidentário) e isenção da carência
Se a bursite decorreu de acidente de trabalho ou doença ocupacional (movimentos repetitivos, carregar peso excessivo, postura inadequada no trabalho), o benefício é classificado como acidentário. Vantagens do benefício acidentário: isenção de carência (não precisa ter contribuído 12 meses), estabilidade de 12 meses após a alta (a empresa não pode demitir sem justa causa), maior chance de conversão em auxílio-acidente. Para comprovar a relação com o trabalho: Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT), laudos médicos atestando nexo causal, histórico da função exercida (descrição das atividades), testemunhas (colegas de trabalho).
Reabilitação profissional e retorno ao trabalho
O INSS oferece o Programa de Reabilitação Profissional para segurados que não podem retornar à função anterior, mas têm capacidade para trabalhar em função adaptada. O programa inclui: avaliação funcional e profissional, fisioterapia e orientações de saúde, cursos de capacitação (informática, idiomas, cursos técnicos), intermediação com empregadores (busca de vagas compatíveis), acompanhamento durante a adaptação. Durante a reabilitação, o auxílio-doença é mantido. A participação no programa não impede o direito ao benefício — pelo contrário, pode ser exigida pelo INSS antes de conceder aposentadoria.
BURSITE NO QUADRIL "APOSENTA SIM OU NÃO?" — CRITÉRIOS DECISIVOS
Gravidade e irreversibilidade da incapacidade
Para a aposentadoria por invalidez ser concedida, é preciso demonstrar que a incapacidade é total (não consegue trabalhar em nenhuma função) e permanente (não há expectativa de melhora). Fatores que fortalecem o pedido: bursite bilateral (ambos os quadris), falta de resposta a tratamentos (fisioterapia, medicamentos, infiltrações não funcionaram), histórico de múltiplas crises (recorrência frequente), comorbidades graves (artrose avançada, obesidade, diabetes, fibromialgia), sequelas permanentes (claudicação, atrofia muscular, limitação severa de mobilidade), laudos de múltiplos especialistas atestando irreversibilidade.
Impossibilidade de readaptação para outra função
O INSS avalia se o segurado pode ser readaptado para função compatível. A aposentadoria é mais provável quando: idade avançada (acima de 50-55 anos, menor empregabilidade), baixa escolaridade (analfabeto ou fundamental incompleto, dificulta cursos de capacitação), histórico em trabalhos braçais exclusivamente (nunca exerceu função intelectual), barreiras de acessibilidade (mora em área rural, sem transporte adequado, sem estrutura para teletrabalho), limitações que afetam qualquer trabalho (não consegue nem sentar nem ficar em pé por tempo prolongado). Se houver possibilidade real de trabalhar em função administrativa, teletrabalho, atividades leves, o INSS pode negar aposentadoria e encaminhar para reabilitação profissional.
Perícia e reação do INSS (negativas e comprovação)
É comum o INSS negar benefícios em casos de bursite, alegando que: "a bursite é tratável e não causa incapacidade permanente", "o segurado pode trabalhar em função adaptada", "não há comprovação médica suficiente da incapacidade". Para fortalecer o pedido: Leve laudos detalhados de múltiplos especialistas (ortopedista, fisiatra, reumatologista), apresente histórico completo de tratamentos (receitas, notas fiscais de medicamentos, comprovantes de fisioterapia, relatórios de infiltrações), mostre exames atualizados (ultrassom, ressonância recentes), elabore relato funcional detalhado (o que você consegue e não consegue fazer no dia a dia e no trabalho), junte fotos/vídeos demonstrando limitações, obtenha declarações de testemunhas (familiares, colegas, empregador). Se negado, recorra imediatamente (30 dias para recurso administrativo) ou entre com ação judicial.
Jurisprudência relevante (decisões onde bursite levou a aposentadoria)
Exemplos de acórdãos (ombro, quadril, casos similares)
• TRF4 - Bursite trocantérica bilateral + artrose: Reconhecida aposentadoria por invalidez para trabalhadora rural, 58 anos, baixa escolaridade, histórico de trabalho braçal. Perícia judicial constatou incapacidade total e permanente.
• TRF3 - Bursite no ombro crônica: Aposentadoria concedida para operário da construção civil, 52 anos, impossibilidade de carregar peso e trabalhar acima da linha dos ombros. Analogia aplicável à bursite de quadril em funções que exigem mobilidade.
• TRF1 - Bursite + síndrome do manguito rotador: Auxílio-acidente (50%) concedido, reconhecendo sequela permanente que reduz capacidade laborativa. Mesmo raciocínio aplicável à bursite de quadril.
Como advogados utilizam laudos multidisciplinares
Advogados especializados em direito previdenciário costumam solicitar laudos de múltiplos especialistas: Ortopedista (condições da articulação, tratamentos realizados, prognóstico), Fisiatra (capacidade funcional, limitações para atividades diárias e laborais, potencial de reabilitação), Reumatologista (se houver suspeita de artrite reumatoide ou outra doença inflamatória), Psiquiatra/Psicólogo (impacto emocional, depressão, ansiedade decorrentes da dor crônica), Assistente social (contexto socioeconômico, barreiras de acessibilidade, condições de vida). Esses laudos, em conjunto, formam um quadro robusto que facilita a concessão do benefício ou a vitória em ação judicial.
PASSO A PASSO PRÁTICO PARA QUEM QUER PEDIR O BENEFÍCIO
Organize documentos médicos (atestado, exames, relatórios)
• Atestados médicos de todos os períodos de afastamento.
• Laudos de ortopedista/fisiatra com descrição detalhada da bursite, localização, gravidade, limitações funcionais.
• Exames de imagem: ultrassom, ressonância magnética, raio-X (todos os exames disponíveis, preferencialmente os mais recentes).
• Histórico de tratamentos: receitas médicas, notas fiscais de medicamentos, comprovantes de fisioterapia, relatórios de infiltrações, histórico de cirurgias (se houver).
• Relatórios de especialistas: reumatologista, psiquiatra, assistente social (se houver).
• CAT (Comunicação de Acidente de Trabalho), se a bursite decorreu do trabalho.
Relacione seu histórico de trabalho e funções exercidas
Prepare um relato detalhado do seu histórico profissional: funções exercidas (carregamento de peso, ficar em pé, agachar, subir escadas, caminhar longas distâncias, movimentos repetitivos), tempo em cada função, exigências físicas de cada trabalho, como a bursite impede ou dificulta essas atividades. Esse relato é fundamental para a perícia avaliar se há possibilidade de retorno ao trabalho ou readaptação para função compatível.
Use o app Meu INSS / site ou telefone para requerer benefício
1. Baixe o app Meu INSS (Android/iOS) ou acesse gov.br/meuinss.
2. Faça login com CPF e senha (ou conta gov.br).
3. Clique em "Novo Pedido" e busque por "Auxílio por Incapacidade Temporária" (se for temporária) ou "Aposentadoria por Incapacidade Permanente" (se for definitiva).
4. Preencha todos os dados solicitados.
5. Anexe todos os documentos (laudos, exames, atestados, histórico de tratamentos).
6. Agende a perícia médica.
Alternativa: Ligar para 135 (Central do INSS) e solicitar o benefício por telefone.
Agende perícia médica — dicas para se preparar
• Leve todos os documentos originais (RG, CPF, CTPS, laudos, exames, atestados).
• Prepare um relato claro e objetivo sobre suas limitações (o que consegue e não consegue fazer).
• Vista roupas confortáveis (o perito pode pedir para você fazer movimentos).
• Não exagere nem minimize os sintomas — seja honesto.
• Se tiver dificuldade para caminhar/se locomover, leve alguém para acompanhar.
• Anote as perguntas do perito e suas respostas (pode ser útil em caso de recurso).
• Se o perito for muito rápido ou superficial, exija que ele avalie todos os documentos e laudos que você levou.
O que fazer se o INSS negar (recurso administrativo, via judicial)
• Recurso administrativo: Tem 30 dias a partir da ciência da decisão para recorrer. Faça o recurso pelo próprio Meu INSS (opção "Recurso de Benefício por Incapacidade"). Junte novos documentos (laudos atualizados, exames recentes, declarações) e fundamente bem o pedido (explique por que discorda da perícia do INSS). O recurso é analisado pela Junta de Recursos (pode levar meses).
• Ação judicial: Se o recurso for negado ou demorar muito, procure um advogado especializado em direito previdenciário para entrar com ação na Justiça Federal. Vantagens: perícia judicial (geralmente mais criteriosa), possibilidade de liminar (restabelecimento imediato do benefício), direito a atrasados (valores retroativos), Justiça Gratuita (se tiver baixa renda, o processo é gratuito).
SIMULAÇÕES DE CASOS — "ANA, 45 ANOS, OPERADORA…"
Caso 1: melhora com tratamento e retorno
Perfil: Ana, 45 anos, operadora de caixa em supermercado. Bursite trocantérica unilateral (lado direito) causada por ficar em pé 8 horas/dia.
Situação: Dor intensa na lateral do quadril, dificuldade para ficar em pé por tempo prolongado, piorando ao final do expediente. Afastou-se do trabalho (auxílio-doença) por 4 meses.
Tratamento: Fisioterapia (3x/semana por 3 meses), anti-inflamatórios, infiltração com corticoide (1 sessão), orientações ergonômicas (uso de tapete antifadiga, pausas regulares).
Resultado: Melhora significativa da dor. Retornou ao trabalho com adaptação da função (períodos alternados entre caixa e empacotamento, com pausas para sentar). Não teve direito a auxílio-acidente, pois recuperou a capacidade de trabalho.
Caso 2: incapacidade parcial e concessão de auxílio-acidente
Perfil: Carlos, 50 anos, operário de fábrica. Bursite trocantérica bilateral causada por movimentos repetitivos (subir/descer escadas, carregar caixas).
Situação: Dor crônica em ambos os quadris há 2 anos, múltiplos tratamentos (fisioterapia, infiltrações, anti-inflamatórios) com melhora parcial. Consegue caminhar e realizar atividades leves, mas não consegue mais carregar peso, subir escadas repetidamente ou ficar em pé por tempo prolongado.
Perícia do INSS: Reconheceu que há sequela permanente que reduz a capacidade para o trabalho habitual, mas não há incapacidade total.
Resultado: Concedido auxílio-acidente (50%). Carlos foi reabilitado para função administrativa na mesma empresa, acumulando salário + auxílio-acidente.
Caso 3: incapacidade total permanente e concessão de aposentadoria
Perfil: Maria, 58 anos, faxineira. Bursite trocantérica bilateral + artrose de quadril avançada + obesidade grau II. Baixa escolaridade (fundamental incompleto), histórico exclusivo de trabalhos braçais.
Situação: Dor crônica há 4 anos, refratária a todos os tratamentos (fisioterapia, infiltrações, medicamentos). Não consegue mais agachar, carregar peso, subir escadas, caminhar longas distâncias ou ficar em pé por mais de 20 minutos seguidos. Claudicação (mancar) evidente.
Perícia do INSS: Inicialmente negou aposentadoria, alegando que poderia trabalhar em função administrativa.
Recurso/Ação judicial: Com apoio de advogado especializado, Maria apresentou laudos de múltiplos especialistas (ortopedista, fisiatra, reumatologista, psiquiatra) atestando incapacidade total e permanente, considerando idade avançada, baixa escolaridade, obesidade, comorbidades e ausência de resposta a tratamentos. A perícia judicial confirmou a incapacidade.
Resultado: Concedida aposentadoria por invalidez, com pagamento de atrasados desde o indeferimento do INSS.
CUIDADOS, RISCOS E MITOS COMUNS
"Bursite nunca aposenta" — é mito ou exagero?
É um mito parcial. A bursite isolada, em casos leves ou moderados, com boa resposta a tratamento, realmente não costuma gerar aposentadoria por invalidez. No entanto, a bursite crônica, bilateral, refratária a tratamentos, associada a comorbidades graves e em pessoas com idade avançada e baixa escolaridade, pode sim gerar aposentadoria. O problema é que muitas pessoas desistem do pedido após a primeira negativa do INSS, sem recorrer ou buscar orientação jurídica especializada. Conclusão: A bursite pode aposentar sim, mas depende da gravidade, comorbidades, perfil do segurado e qualidade da documentação apresentada.
Atualizações do INSS e revisões periódicas
O auxílio-doença é revisado periodicamente (a cada 2-6 meses). Se o perito entender que houve melhora, pode cessar o benefício. Por isso, é fundamental continuar o tratamento e manter laudos e exames atualizados para eventuais perícias de revisão. A aposentadoria por invalidez também pode ser revista (perícia a cada 2 anos), mas o cancelamento é mais raro — geralmente ocorre apenas se houver melhora significativa ou retorno ao trabalho. O auxílio-acidente, por sua vez, é vitalício (não tem revisões periódicas), pois a sequela é permanente.
Cuidado com laudos fracos ou incompletos
Um laudo genérico ou incompleto pode inviabilizar o benefício. Evite laudos que apenas dizem: "Paciente com bursite. Afastamento por 30 dias." Laudo forte deve conter: Diagnóstico preciso (bursite trocantérica bilateral, por exemplo), localização exata (lado direito, esquerdo ou bilateral), gravidade (aguda, crônica, refratária), tratamentos realizados (medicamentos, fisioterapia, infiltrações, cirurgias), resposta ao tratamento (melhora parcial, sem melhora, piora), limitações funcionais (não consegue ficar em pé por mais de X minutos, não consegue subir escadas, não consegue carregar peso acima de X kg), comorbidades associadas (artrose, obesidade, diabetes), prognóstico (expectativa de melhora, possibilidade de reabilitação). Sempre peça ao médico para ser o mais detalhado possível.
Importância de acompanhamento jurídico e médico especializado
Casos de bursite no INSS são tecnicamente complexos, pois exigem comprovação robusta de incapacidade. Por isso, é fundamental: Acompanhamento médico especializado: Ortopedista, fisiatra, reumatologista (se necessário). Esses especialistas sabem elaborar laudos fortes e orientar sobre tratamentos adequados. Acompanhamento jurídico: Advogado especializado em direito previdenciário sabe exatamente quais documentos reunir, como fundamentar o pedido, como recorrer em caso de negativa e quando entrar com ação judicial. A taxa de sucesso com acompanhamento jurídico especializado é muito maior do que sozinho.
PERGUNTAS FREQUENTES SOBRE BURSITE NO QUADRIL E BENEFÍCIOS
Bursite no quadril garante aposentadoria automaticamente?
Não. A bursite isolada, em casos leves ou moderados, geralmente não gera aposentadoria por invalidez. O INSS avalia caso a caso, considerando gravidade, comorbidades, idade, escolaridade, profissão, resposta a tratamentos e possibilidade de reabilitação. A bursite tende a gerar auxílio-doença (temporário) ou auxílio-acidente (50%, vitalício) com mais frequência que aposentadoria por invalidez.
Posso trabalhar recebendo auxílio-acidente?
Sim. O auxílio-acidente é um benefício indenizatório e pode ser acumulado com salário. É pago enquanto você trabalha e cessa apenas se for concedida aposentadoria por invalidez ou quando você se aposentar por idade/tempo de contribuição.
Bursite causada por trabalho tem tratamento diferente no INSS?
Sim. Se a bursite decorreu de acidente de trabalho ou doença ocupacional (movimentos repetitivos, postura inadequada, carregar peso excessivo), o benefício é classificado como acidentário. Vantagens: isenção de carência, estabilidade de 12 meses após a alta, maior chance de conversão em auxílio-acidente. Para comprovar, é preciso ter CAT (Comunicação de Acidente de Trabalho) e laudos médicos atestando o nexo causal.
Quanto tempo demora para o INSS analisar o pedido?
Após agendar a perícia médica, o resultado geralmente sai em até 45 dias. No entanto, o tempo total pode variar dependendo da disponibilidade de agenda para perícia (pode levar semanas ou meses para conseguir vaga) e da análise documental (se houver pendências, pode demorar mais). Se o benefício for negado, o recurso administrativo pode levar meses para ser analisado. Ação judicial, por sua vez, pode levar 6 meses a 2 anos para sentença final (mas é possível obter liminar em dias ou semanas).
Se o INSS negar meu pedido, posso entrar na Justiça?
Sim. Você pode (e deve) recorrer administrativamente primeiro (30 dias), mas se o recurso for negado ou demorar muito, pode ingressar com ação judicial na Justiça Federal. A perícia judicial é geralmente mais criteriosa que a do INSS. Se tiver baixa renda, o processo é gratuito (Justiça Gratuita). É altamente recomendável contratar advogado especializado em direito previdenciário.
Preciso de advogado para pedir no INSS?
Não é obrigatório, mas é altamente recomendável, especialmente em casos complexos (bursite crônica, múltiplas comorbidades, negativas anteriores, histórico profissional complicado). O advogado especializado sabe exatamente quais documentos juntar, como fundamentar o pedido, como se preparar para a perícia e como recorrer em caso de negativa. A taxa de sucesso com acompanhamento jurídico é muito maior.
CONSIDERAÇÕES IMPORTANTES / PRINCIPAIS PONTOS
Documentação é fundamental
Laudos detalhados de múltiplos especialistas, exames atualizados, histórico completo de tratamentos e relato funcional são essenciais para o sucesso do pedido.
Bursite crônica é mais grave
A bursite aguda geralmente responde bem a tratamentos. A crônica (refratária, recorrente) tem maior chance de gerar benefícios permanentes.
Comorbidades fortalecem o pedido
Bursite + artrose + obesidade + diabetes + idade avançada = maior chance de aposentadoria. Sempre documente todas as condições de saúde associadas.
Não desista após negativa do INSS
Muitos benefícios são negados na primeira perícia, mas concedidos em recurso ou ação judicial. Sempre recorra e busque orientação especializada.
Auxílio-acidente é o mais comum
Para bursite no quadril, o auxílio-acidente (50%, vitalício, acumulável com salário) é mais comum que aposentadoria por invalidez.
Advogado especializado faz a diferença
Em casos complexos, o acompanhamento jurídico especializado aumenta significativamente as chances de sucesso e agiliza o processo.
CONCLUSÃO E ORIENTAÇÃO FINAL
A bursite no quadril pode sim gerar direito a benefícios previdenciários, especialmente quando é crônica, bilateral, refratária a tratamentos e associada a comorbidades. O benefício mais comum é o auxílio-acidente (50%), mas a aposentadoria por invalidez também é possível em casos graves, considerando idade avançada, baixa escolaridade, histórico em trabalhos braçais e impossibilidade de reabilitação.
O sucesso do pedido depende fundamentalmente da qualidade da documentação médica (laudos detalhados, exames atualizados, histórico de tratamentos) e do perfil do segurado (idade, escolaridade, profissão, comorbidades). Não desista após a primeira negativa — recurso administrativo e ação judicial frequentemente revertem decisões do INSS.
Se você sofre de bursite no quadril e está com dificuldades para trabalhar, busque orientação médica especializada (ortopedista, fisiatra) e jurídica especializada (advogado previdenciarista). Quanto mais cedo você agir, maiores as chances de garantir seus direitos e receber o benefício adequado.
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*Este conteúdo é informativo e não substitui avaliação médica ou jurídica individual.

