O QUE É TROMBOSE? (DEFINIÇÃO RÁPIDA)
Definição e tipos
Trombose é a formação de um coágulo (trombo) no interior de um vaso sanguíneo. Quando isso ocorre nas veias profundas das pernas chama-se trombose venosa profunda (TVP); quando afeta veias superficiais fala-se em tromboflebite. O perigo maior é quando parte do coágulo se solta e viaja até os pulmões — o chamado tromboembolismo pulmonar — que pode ser fatal.
O diagnóstico normalmente envolve exame clínico (dor, inchaço, calor e vermelhidão na perna) e exames de imagem — ultrassom Doppler venoso é o mais comum. O tratamento inicial costuma incluir anticoagulantes (para evitar crescimento do trombo e embolia), compressão elástica (meias) e recomendação de movimentação gradual conforme orientação médica. Em alguns casos graves pode haver trombólise ou cirurgia.
Sintomas comuns e complicações
Os sintomas mais comuns da trombose venosa profunda incluem:
- Dor na perna (geralmente na panturrilha ou coxa);
- Inchaço (edema) na perna afetada;
- Calor e vermelhidão na região;
- Sensibilidade ao toque;
- Dor ao esticar o pé ou ao caminhar.
As principais complicações incluem:
- Tromboembolismo pulmonar (TEP): quando o coágulo se desloca para os pulmões, podendo ser fatal;
- Síndrome pós-trombótica: sequelas crônicas como dor, inchaço e alterações na pele;
- Recidiva: risco de nova trombose.
Importante para trabalhar
Importante para trabalhar: o diagnóstico por si só não determina incapacidade automática. Muitos pacientes respondem bem ao tratamento e voltam às atividades com orientações (ex.: evitar longos períodos sentado em viagens, pausas para caminhar, usar meia de compressão). Contudo, existem momentos em que o médico recomenda repouso inicial (dias ou semanas) — sobretudo nas primeiras duas semanas, quando o trombo está "instável". Isso altera temporariamente a aptidão para funções que exigem esforço físico, ficar em pé por longos períodos ou risco de trauma que provoque sangramento enquanto se usa anticoagulante.
Perspectiva prática não usual: além do risco médico imediato, existe o impacto psicossocial — medo de andar, ansiedade sobre recidiva — que pode diminuir a produtividade e justificar adaptações graduais no retorno ao trabalho. Conversar com o médico sobre como retomar (plano de retorno ao trabalho) e documentar por escrito essas recomendações facilita processos com o empregador e, se necessário, com o INSS.
COMO A TROMBOSE AFETA A CAPACIDADE DE TRABALHAR
Fatores que determinam a capacidade laboral
A capacidade de trabalhar depende de três fatores principais: (1) a gravidade clínica da trombose (local e extensão do trombo), (2) complicações (ex.: tromboembolismo pulmonar, síndrome pós-trombótica) e (3) tipo de atividade profissional. Em termos práticos, um trabalhador assintomático em uso de anticoagulante e sem sequelas pode realizar muitas funções; já alguém com dor intensa, edema incapacitante ou risco de sangramento em função de quedas terá restrições justificadas. Diversas orientações médicas recomendam repouso relativo nas primeiras semanas e retorno gradual com medidas conservadoras.
Fases do tratamento e janelas de afastamento
Tempo de afastamento: não existe "um número mágico". Muitos médicos orientam repouso relativo nas primeiras 1–2 semanas, com progressiva reintrodução de atividade conforme resposta e exames. A documentação médica (atestados, relatórios com CID e justificativa clínica) é essencial para justificar ausências ao empregador e para eventual requerimento ao INSS. Estudos e diretrizes apontam que a reabilitação precoce (caminhadas leves, fisioterapia quando indicada) reduz risco de síndrome pós-trombótica e melhora retorno ao trabalho.
Uso de anticoagulantes e implicações para atividades: pacientes anticoagulados têm maior risco de sangramento em trauma. Funções com risco de quedas ou contato com máquinas podem exigir adaptações. Por outro lado, a mera presença de anticoagulante não impede automaticamente o trabalho — o que vale é a avaliação clínica individual.
Visão única: plano de retorno ao trabalho
Incluir no plano de volta ao trabalho uma conversa coordenada entre médico, empregado e RH — quando possível — reduz litígios e torna as adaptações mais eficazes (por exemplo, escala temporária, redução de jornada, cadeira com apoio para pernas). Definir metas semanais (ex.: 1ª semana: repouso; 2ª semana: 2 horas de jornada; 3ª semana: jornada completa com pausas) ajuda médico, empregador e funcionário a ter expectativas alinhadas e reduz chance de recidiva.
FUNÇÕES COM MAIOR RISCO (SEDENTÁRIAS X EM PÉ X ESFORÇO FÍSICO)
Exemplo prático: trabalho em pé com pequenos deslocamentos
Exemplo: quem permanece em pé e faz pequenos deslocamentos durante o trabalho. Se o edema e dor forem controlados com compressão e medicação, pode retornar com pausas e meia elástica. Caso a dor aumente ao fim do expediente, pode ser necessário afastamento temporário.
Motoristas, operadores de máquina, garis
Motorista de longa distância: longos períodos sentado aumentam risco e exigem pausas obrigatórias; dependendo do quadro, o médico pode recomendar afastamento ou mudanças nas rotas para reduzir tempo sentado.
Operadores de máquina e garis: funções que exigem ficar em pé por longos períodos ou esforço físico podem precisar de adaptações temporárias, como pausas mais frequentes, uso de meias compressivas e, em alguns casos, afastamento inicial até estabilização do quadro.
Funções com risco de trauma
Trabalhadores que usam anticoagulantes e exercem funções com risco de trauma (queda, contato com máquinas, atividades físicas intensas) podem precisar de mudança temporária de função ou adaptações no posto de trabalho para reduzir o risco de sangramento.
DIREITOS TRABALHISTAS E PREVIDENCIÁRIOS
Auxílio-doença (INSS) — quando pedir
Se a trombose incapacitar temporariamente o trabalhador para suas funções habituais, o mecanismo previdenciário usual é o auxílio-doença (agora denominado benefício por incapacidade temporária): o segurado passa por periência médica do INSS que avaliará se há incapacidade laborativa. É necessário comprovar incapacidade temporal com laudos e exames. A perícia do INSS avalia capacidade para atividades habituais e para qualquer atividade que o segurado possa desempenhar.
Auxílio-acidente e estabilidade acidentária
O auxílio-acidente é devido quando há sequela que reduza a capacidade para o trabalho após consolidação do quadro. Em situações de trombose com sequelas (limitação funcional persistente), é pleiteável. Quando reconhecido como acidente de trabalho ou doença ocupacional, o trabalhador tem direito a estabilidade provisória e não pode ser demitido sem justa causa por certo período.
Aposentadoria por invalidez: quando é cabível
A aposentadoria por invalidez é excepcional e depende de incapacidade total e permanente para o trabalho — em trombose, isso ocorre apenas quando há complicações severas e incapacitantes (ex.: tromboembolismo pulmonar grave com sequelas permanentes, síndrome pós-trombótica severa).
Trombose como doença ocupacional
A caracterização como doença ocupacional exige prova de nexo causal entre trabalho e doença; a jurisprudência tem decisões variadas sobre trombose como doença ocupacional, por isso a documentação e perícias são fundamentais. Dica prática: documente tudo — relatórios do angiologista/vascular, exames (Doppler), atestados com CID, justificativas sobre relação com trabalho (se houver). Na dúvida, procure auxílio jurídico para avaliar possibilidade de acidente do trabalho/NR ou encaminhamento para perícia.
PASSO A PASSO PRÁTICO: MÉDICO, DOCUMENTAÇÃO E PERÍCIA DO INSS
O que pedir ao médico (laudos, exames, CID, atestados)
Procure atendimento especializado (angiologia/vascular): peça relatório detalhado descrevendo diagnóstico, extensão, tratamento, medicação (nomes e doses), risco de embolia e previsão de incapacidade. Esse relatório será a base do seu atestado e do pedido ao INSS.
Obtenha exames e guarde resultados: ultrassom Doppler, exames de sangue (d-dímero quando indicado), imagens e prescrição de anticoagulante. Digitalize tudo (fotos ou PDF) para anexar no Meu INSS.
Peça atestado médico com CID e justificativa clínica clara: evitando termos vagos. Indique a necessidade (por exemplo, repouso absoluto X repouso relativo) e o tempo estimado. Isso facilita perícia e aciona políticas de RH.
Peça ao médico que descreva exatamente as limitações funcionais (ex.: não levantar >5 kg, evitar ficar em pé >4 horas sem pausa), isso possibilita adaptações temporárias no posto de trabalho.
Como usar o Meu INSS e preparar a perícia
Agende perícia no Meu INSS (ou compareça): quando o afastamento ultrapassa o prazo coberto pelo empregador, ou quando for necessário requerer o benefício. Tenha todos os documentos organizados e um resumo dos sintomas e limitações.
Registre comunicações com o empregador (e-mail, atestado entregue) para evitar problemas contratuais.
Se estiver em uso de anticoagulante, informe o RH sobre riscos (por exemplo, cuidado com atividades que possam causar trauma).
Se for negado, considere recurso administrativo e prova complementar: laudos independentes, exames adicionais e pareceres médicos. Em casos de negativa injusta, a via judicial também é possível — busque orientação jurídica. Jurisprudência mostra decisões favoráveis quando há documentação robusta.
MEDIDAS DE PREVENÇÃO E ADAPTAÇÕES NO AMBIENTE DE TRABALHO
Meias compressivas, pausas, hidratação, movimentação periódica
Medidas preventivas no trabalho:
- Pausas para caminhar: a cada 1-2 horas, levante-se e caminhe por alguns minutos;
- Meias compressivas: use conforme orientação médica, especialmente se ficar muito tempo em pé ou sentado;
- Hidratação: beba água regularmente;
- Evitar imobilidade prolongada: movimente as pernas mesmo quando sentado (flexão e extensão dos pés);
- Adaptar tarefas que exijam ficar em pé por horas.
Ergonomia e redução de risco de imobilidade
Ergonomia no ambiente de trabalho:
- Cadeira com apoio para pernas: eleve as pernas quando possível;
- Mesa ajustável: permita alternar entre sentado e em pé;
- Espaço para movimentação: organize o ambiente para permitir pequenas caminhadas;
- Comunicação com RH: negocie adaptações temporárias ou permanentes conforme necessidade médica.
QUANDO PROCURAR UM ADVOGADO OU PERÍCIA INDEPENDENTE
Situações que exigem assistência jurídica
Procure orientação jurídica quando:
- O INSS negar o benefício mesmo com documentação adequada;
- Houver suspeita de nexo ocupacional (trombose relacionada ao trabalho);
- O empregador não aceitar adaptações recomendadas pelo médico;
- Houver dúvidas sobre direitos trabalhistas durante o afastamento;
- For necessário ingressar com ação judicial para garantir benefícios.
Uma advogada previdenciária especializada pode ajudar a:
- Analisar a documentação e identificar o que falta;
- Preparar o pedido de benefício de forma técnica;
- Orientar sobre a perícia médica do INSS;
- Recorrer de negativas injustas;
- Ingressar com ação judicial quando necessário.
PRINCIPAIS PONTOS / CONSIDERAÇÕES IMPORTANTES
Depende do caso
Trombose não é incapacidade automática; avalie gravidade, tratamento e função.
Documentação é chave
Laudos, Doppler, atestados com CID e justificativa clínica aumentam chances no INSS.
Anticoagulantes mudam a dinâmica
Aumentam risco de sangramento em traumas; funções de risco podem precisar de adaptação.
Prevenção no trabalho funciona
Pausas, meias compressivas, hidratação e movimentos regulares reduzem risco de recidiva.
Busque ajuda jurídica
Se houver negativa injusta ou suspeita de nexo ocupacional, procure orientação jurídica especializada.
CONCLUSÃO E CHAMADA PARA AÇÃO
Quem tem trombose pode trabalhar normalmente em muitos casos, desde que o tratamento seja eficaz e não existam sequelas incapacitantes. Porém, existem momentos críticos — especialmente nas primeiras semanas e em quadros com risco de embolia ou sintomas incapacitantes — em que o afastamento temporário e adaptações no trabalho são necessários.
Para proteger sua saúde e seus direitos, documente tudo (exames, laudos, atestados) e siga as orientações médicas com disciplina: o retorno precoce sem cuidados aumenta risco de piora e de síndrome pós-trombótica. Na esfera previdenciária, o auxílio-doença, auxílio-acidente e a aposentadoria por invalidez são possibilidades reais, mas dependem de avaliação pericial e de prova robusta.
Se houver qualquer dúvida sobre vínculo com o trabalho (possível doença ocupacional) ou se você sentir que o INSS negou indevidamente, procure orientação jurídica — casos com documentação forte frequentemente têm decisões favoráveis. Por fim, negocie com o empregador um plano de retorno gradativo (pausas, redução temporária da jornada, fornecimento de meias compressivas), pois a coordenação entre médico, trabalhador e RH costuma ser a melhor solução prática para retornar ao emprego sem riscos.
Perguntas Frequentes (FAQ)
1. Quem tem trombose sempre precisa se afastar do trabalho?
Nem sempre. Depende da gravidade, sintomas e da função. Pessoas controladas com anticoagulante e sem sequelas muitas vezes retornam com adaptações.
2. Quanto tempo dura o afastamento por trombose?
Não há um padrão único — muitos casos exigem repouso relativo nas primeiras 1–2 semanas, com retorno gradual conforme melhora clínica e exames.
3. Uso de anticoagulante impede meu trabalho?
Não impede automaticamente, mas aumenta o risco de sangramento em atividades com trauma; pode exigir mudança de função ou adaptações.
4. Tenho direito a auxílio-doença por trombose?
Sim, se houver incapacidade temporária comprovada por perícia do INSS. Documentos médicos são essenciais.
5. Trombose pode ser considerada doença ocupacional?
Em alguns casos, sim — exige provar nexo causal entre trabalho e doença; a jurisprudência varia caso a caso.
6. O que devo pedir ao médico para comprovar incapacidade?
Relatório detalhado, CID, indicação de medicação, exames (Doppler), e justificativa sobre limitações funcionais.
7. Quais medidas preventivas posso adotar no trabalho?
Pausas para caminhar, meias compressivas, hidratação, evitar imobilidade prolongada e adaptar tarefas que exijam ficar em pé por horas.


